Representação na Mídia

Tem havido um grande impulso nas últimas décadas para aumentar a representação dos povos marginalizados na mídia. O clamor público criou grandes mudanças, no entanto, estamos longe do fim da batalha. Uma evidência recente disso é o casting da Xuxa (um ícone da cultura pop brasileira) para apresentar Drag Race Brasil. O problema é que Xuxa não faz parte da comunidade drag. É compreensivelmente frustrante para os milhões de membros da população drag ver um papel tão importante ser dado a alguém que não se identifica com eles. Semelhante raiva foi causada pelo anúncio do novo docuseries da Jada Pinkett Smith sobre rainhas africanas. O episódio focado na figura histórica Angolana, rainha Ginga, não tem nenhum Angolano no documentário. 

Uma mãe negra com a filha. A mãe está a fazer tranças ao cabelo da filha enquanto vêem televisão. Uma mulher negra é mostrada na tela.
Fonte da imagem: @sallustration | Instagram

No artigo do Observador o jornalista Raimundo Salvador afirma que os Angolanos devem estar gratos por ter Americanos neste projeto, pois eles têm a tecnologia e o dinheiro para conseguir fazê-lo com sucesso. Estas suposições da comunidade Angolana criam barreiras. A declaração do Salvador também promove a ideia de que os Estados Unidos são o ápice da perfeição, de que não há nada melhor, o que é extremamente problemático. Coloca os Estados Unidos num pedestal onde nada/ninguém pode atingir o seu nível. Em termos deste artigo, chega mesmo a sugerir que o talento humano em Angola é inferior ao dos EUA.

Um argumento semelhante foi feito para lançar Xuxa como a anfitriã do Drag Race Brazil. Muitos afirmaram que ter uma figura proeminente como ela iria lançar a comunidade drag para um novo território. Era uma maneira de fazer barulho e chamar a atenção dos telespectadores que podem não conhecido muito sobre a sociedade drag antes do show. No entanto, a publicidade vale a falta de representação?

Outra parte do argumento do Salvador é que, quando a rainha Ginga estava viva, não havia Angola. De acordo com este artigo, a rainha Ginga governou o povo Mbundu e liderou a resistência contra a invasão portuguesa e o crescente comércio de escravos. O que eu acho que Salvador está tentando argumentar é que, embora a rainha Ginga é uma figura importante em Angola, ela também pode ser uma figura de destaque para os Africanos fora de Angola, especialmente aqueles que não sabem muito sobre a sua linhagem familiar porque seus antepassados foram violentamente escravizados. No entanto, se é isso que Salvador quis dizer, isso significa que deveria haver Afro-Americanos e Angolanos trabalhando neste projeto juntos, não? Você acha que os argumentos históricos (como este) têm alguma base, poder, ou contexto em relação à representação na mídia? O que é mais importante, o retrato das minorias nos meios de comunicação ou maximizar a publicidade?

About Vanessa Toro

Meu nome é Vanessa e estou no último ano na Emory. Eu estudo antropologia e biologia além de estudos lusófonos. Gosto de ler e assistir filmes. Estou animada por estar no PORT 285 e por construir meu scholarblog!
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2 Responses to Representação na Mídia

  1. Abraham Arevalo says:

    Acho que as comunidades marginalizadas têm sido condicionadas a aproveitar qualquer oportunidade que possam. Por exemplo, a comunidade de drag é suposto estar bem com Xuxa sendo o anfitrião do show deles, porque recebe publicidade. No entanto, a razão da deturpação é tornar o público em geral mais “confortável” com o quão diferentes são você e sua comunidade, o que é completamente errado. Você está jogando no sistema dos opressores e se o dinheiro não fosse um problema, não deveria haver nenhuma circunstância para branquear uma comunidade marginalizada. Como o dinheiro é a raiz de tudo e apelar para o público em geral é sempre um objetivo, então você fica com as minorias fazendo sacrifícios pela publicidade.

  2. Elba Garcia says:

    Oi Vanessa, eu gostei muito quando você criticou a idealização dos Estados Unidos como um país perfeito. Na verdade, os Estados Unidos não é um país perfeito porque ela tem muitas coisas para consertar e a apropiação cultural é um deles. A beleza da diversidade é que alguém tem uma coisa distinta que faz brilhar uma obra de arte com sua interpretação. Na verdade, muitas coisas reconhecidas no mundo artistíco não são dos Estrados Unidos como a Mona Lisa do Leonardo da Vinci (pelas técnicas do pintor) ou o Cristo Redentor no Brasil (considerada uma das 7 maravilhas do mundo). Para responder sua pergunta sobre qual situação é mais importante, eu acho que o retrato das minorias nos meios de comunicação. Os meios da comunicação têm muita influência porque eles mostram uma imagem sobre um group de pessoas e o publico formule sua primeira impressão permanente. Se a interpretação é correcta, a gente não vai ter que desaprender aquelas ideias negativas/erradas do novo grupo.

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