Nota ao leitor: eu coloco as palavras “pré-pandemia” e “pós-pandemia” entre parênteses para se referir a tempos antes da aprendizagem online e da escola em pessoa, respectivamente. Reconheço que a pandemia ainda não terminou.
Juntamente com a saúde física e os factores de stress financeiro que a pandemia trouxe à população humana, a saúde mental tem estado em declínio. Bóia Júnior afirmou no primeiro artigo que o isolamento forçado, embora necessário, poderia colocar as pessoas em situações que não são ideais. Por exemplo, quando a pandemia começou e a escola fechou, lembro-me de muitos estudantes que lutavam pelo direito de permanecer no campus, uma vez que tinham uma vida familiar instável. Instável para muitos significava falta de segurança alimentar, casas abusivas, ou falta de tecnologia para fazer o trabalho escolar.
Ouvi um professor afirmar que este semestre é o pior semestre de suas carreiras de ensino porque os alunos “não estão atuando (performing) tão bem quanto antes, pré-pandemia”. Eles sentiram que o padrão acadêmico havia diminuído. Embora eu concorde que já não sou a mesma aluna que eu era “pré-pandemia”, ouvir essas palavras me deu ansiedade. Vou voltar a ser aquela estudante “pré-pandémia”? Voltarei a sentir o mesmo pela escola?
Ansiedade é algo que muitos estudantes experimentam ao longo de sua carreira universitária, e eu sinto que tem sido especialmente proeminente “pós-pandemia”. Nuno Mendes Duarte menciona que a ansiedade pode se manifestar de várias maneiras e fiquei surpresa por ter reconhecido muitos desses sintomas em mim e em outros colegas. Costumava ver a ansiedade como um fenómeno passageiro e que me sentiria melhor assim que o stress passasse. Acho que ter um stress, como o COVID-19, que parece permanente, faz parecer que a ansiedade nunca vai desaparecer.
Perguntas para discussão:
1) Depois de fazer a escola pelo internet por mais de um ano, de que forma você mudou como estudante?
2) Como foi mencionado no artigo de Durate, deve haver um maior investimento na saúde mental pela instituição maior. No nosso caso, seria a Universidade. Você acha que a Universidade fez um bom trabalho no departamento de saúde mental durante a aprendizagem online para os alunos? O que é que eles fizeram bem? O que poderia ter sido melhorado/adicionado?
3) Pessoalmente, sinto que me tornei mais “lenient” com a escola. Estou grata pela minha educação, mas não me vou stressar por fazer mal num teste ou por faltar a uma tarefa/aula se não me sentir bem. Já não considero a escola a minha prioridade. Considero a minha saúde, família e amigos mais importantes. Sentes que a tua atitude em relação à escola mudou “pós-pandemia”?
Oi Vanessa,
Concordo que, admitamos ou não, nós como estudantes mudamos durante o período “pós-pandemia.” Este tempo levou a uma nova perspetiva, qual fiz meu próprio bem-estar físico e mental uma prioridade. Acho que, de muitas maneiras, essa pandemia foi um chamado de “despertar” para estudantes e trabalhadores. Isso fez com que muitos de nós reavaliassem os aspetos de nossas vidas ocupadas que considerávamos as mais importantes. Agora, acho que há mais compreensão e empatia nas escolas e no trabalho, onde professores e chefes entendem se precisamos decolar por causa da própria saúde ou de algum familiar. No entanto, às vezes ainda é difícil atingir esse equilíbrio saudável. Embora não devesse, às vezes me sinto culpada quando não estou fazendo trabalhos escolares para cuidar da minha saúde mental. No entanto, estou tentando desaprender isso e levar tudo em perspetiva.