Hoje, eu estava pesquisando notícias e artigos sobre o meio ambiente, mas o que encontrei mais interessante foi na Revista Piauí, hospedada no site da Folha de São Paulo: caricaturas do cartunista brasileiro Caco Galhardo, todas com temas ambientais. Gostei muito delas porque apresentam a conversa ambiental de uma perspectiva crítica, expressando de forma muito simples, através das imagens, a urgência dos temas climáticos no Brasil.
A primeira dessas caricaturas faz referência à COP 28, realizada no Brasil:
Nesta primeira caricatura, o cartunista ilustra que o mundo onde as instituições internacionais discutem problemas ambientais já é um mundo em crise, com incêndios, enchentes, mudanças climáticas violentas e pessoas lutando para sobreviver.
Em outra imagem, ele traz dois problemas: o primeiro é a separação entre a realidade do planeta em crise e os “heróis” da burocracia, cercados por câmeras e imprensa, realizando reuniões de oito horas em hotéis de luxo e viajando protegidos das crises. O segundo problema é a indiferença de pessoas que, confortavelmente instaladas em seus escritórios, tomam decisões que afetam o planeta, com a segurança de seus castelos de vidro.
Há também uma imagem que faz um contraste, com foco no Sul Global. Na imagem à esquerda, a atenção está na mudança climática nas regiões polares, em um mundo sem humanos, onde a imagem que procura nos chocar é simplesmente um animal fofo. Já a imagem à direita evidencia os problemas climáticos em lugares que são tanto sociais quanto ambientais, mostrando um cavalo em uma paisagem humana afetada pelas enchentes.
A quarta imagem me chamou muito a atenção. Trata-se de um mapa que mostra a interconexão entre diferentes processos que afetam o Brasil e explicam as mudanças climáticas. Por exemplo, as enchentes estão conectadas com o monocultivo de soja, as secas, e as áreas desmatadas onde antes havia florestas.
As duas últimas imagens são críticas aos negacionistas climáticos, que negam as crises mesmo quando estas são totalmente evidentes em suas vidas, como quando suas próprias cidades sofrem enchentes. Outra coisa que a imagem mostra é que esses brasileiros negacionistas são, em sua maioria, homens brancos, que, mesmo com a água invadindo suas realidades, preferem não enxergar. A última imagem aborda o capitalismo e como o comércio continua inalterado, persistindo em um mundo em crise ecológica.
Perguntas:
O que você pensa sobre o gênero da caricatura como técnica para comunicar problemas ambientais no Brasil?
Você acha importante ser mais criativo no jornalismo ao abordar temas ambientais?
Link:
https://piaui.folha.uol.com.br/materia/cartuns-de-caco-galhardo-4/
Olá José,
Acho que as suas caturas são uma forma de média muito eficaz da que não tínhamos falado nossa aula até agora. Moramos em um mundo em que todas as formas da média estão lutando para a nossa atenção. Muitos jornais têm toda a evidencia necesaria para nos avisar sobre o peligro das mudanças climaticas mas muitas pessoas não têm o tempo ou vondade de ler um artigo enteiro.
As suas caturas dizem tudo o que precisam de dizer com poucas palavras. Por exemplo, a catura que demostra um grupo de lideres discutendo o peligro das mudanças climaticas enquanto o edificio já está debaixo água.
Oi, José! Acho bem interessantes as suas perguntas, porque conectam dois dos temas que vimos nesta aula: a arte e o meio-ambiente. Como discutimos antes, a arte tem um papel político importante na sociedade; suas formas de comunicação são poderosas, e podem ter muita influência. Não conheço bem a história do gênero da caricatura, mas me parece que tem um legado bem largo de crítica política. Também tem como gênero conotações populares. É dizer, as caricaturas são arte accessíveis, geralmente publicadas nas notícias; não são abstratos nem indiretos, não estão num museu famoso. Usar este gênero, então, para falar sobre as calamidades climáticas pode indicar que o meio-ambiente está muito presente na consciência do público. Também implica que o meio-ambiente tem visto como um problema político – algo que pode parecer obvio, mas especialmente com a prevalência dos negadores da mudança climática, é importante destacar.
Oi Jose,
Que interessante a sua pesquisa das caricaturas de Caco Galhardo para os artigos desta semana. A caricatura que você mencionou sobre COP 28 e os heróis da burocracia me chamou a atenção. O contraste entre as discussões de “pessoas importantes” sobre o meio ambiente e o mundo em crise fizeram-me pensar em quanto ainda falta para que os políticos tomem ações concretas.
Respondendo a sua última pergunta, eu acho que sim é importante ser mais criativo no jornalismo ao abordar temas ambientais. Pessoalmente, sou uma pessoa muito visual, então para mim é importante e mais impactante quando a informação é apresentada de uma maneira visual no lugar de escrita. Além disso, as caricaturas conseguem simplificar temas complexos de uma forma crítica e às vezes engraçada. O estilo visual facilita a compreensão destes temas.