A tecnologia nos conflitos políticos

Encontrei um artigo do Jornal do Brasil que explica uma situação em que a tecnologia faz parte de um conflito político. O texto descreve uma carta aberta escrita por centenas de trabalhadores de Amazon e Google que discordam com a venda de serviços para organizações militarizadas em Israel. O grupo que publicou a carta está protestando contra um contrato feito entre as empresas tecnológicas e o governo e grupos militares israelenses. Eles frisam que o acordo “vai permitir maior vigilância e coleta de dados ilegais de palestinos”. Como resultado, dizem que as condições de discriminação e deslocamento dos palestinos vão piorar. Na carta, os trabalhadores expressam seu desejo de criar e usar tecnologia para unir as pessoas e criar um mundo melhor para todos. Por isso, pedem que seus empregadores parem de “fazer contratos com todas e quaisquer organizações militarizadas nos EUA e não só”.

Na minha opinião, as preocupações dos trabalhadores são válidas e muito comuns hoje em dia. Eu diria que atualmente existe um conflito entre os valores morais das pessoas que estudam e trabalham na área digital e os motivos mais amplos das empresas e governos que utilizam a tecnologia. Por exemplo, aqui nos EUA eu já ouvi de muitos estudantes de engenharia ou ciência da computação que eles se sentem em conflito porque a maioria dos empregos nesses campos pertencem ao departamento de defesa no governo ou a empresas privadas que apoiam o governo. Como consequência, os estudantes dizem que têm que decidir entre ter uma renda estável, mas ser cúmplice dos motivos do governo estadunidense (que podem ser considerados imperialistas) ou enfrentar os desafios de encontrar um emprego fora do setor de defesa que provavelmente não paga tanto.

Acho que esse fato pode ser uma razão pela qual não há muitas pessoas de grupos marginalizados que estudam na área de STEM. Como fazem parte de uma minoria, não querem participar da opressão de outras comunidades minoritárias. Uma solução possível é enfatizar as possibilidades profissionais para as pessoas que estudam nos campos de STEM que existem fora do setor de defesa. Isso tem que começar cedo, nas escolas primárias e secundárias, para que os estudantes fiquem entusiasmados com os benefícios que podem trazer a suas comunidades se estudam a tecnologia.

O que vocês acham da decisão dos trabalhadores de escrever essa carta? É válida? É suficiente?

Podem pensar em outras razões possíveis por que a indústria de tecnologia é dominada pelos homens e pessoas blancas? O que tem que acontecer para promover mais diversidade na área tecnológica?

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2 Responses to A tecnologia nos conflitos políticos

  1. Elba Garcia says:

    Outra razão pela observação é que as indústrias de tecnologia seguem as costumes da sociedade que favorece aos homens e as pessoas brancas. É como uma reação em cadeia porque os executivos e recrutadores maiormente seguem o mesmo padrão e procuram desse mesmo critério. Por tanto, eles vêem o potencial no mesmo grupo e poucas são as vezes em que pessoas de grupos marginalizados podam demostrar suas habilidades na indústria. Eu acho que parte da solução é eleger pessoas de grupos marginalizados no níveis executivos para influenciar a cultura do trabalho que seja mais diverso é inclusivo a vários grupos de pessoas. Hoje em dia, mais comunidades marginalizadas têm a oportunidade de estudar na área de STEM e são encorajados a se candidatar aos cargos de tecnologia e diversificar o local de trabalho.

  2. Elise Quesnel says:

    Olá Raquel,
    Eu creio que foi uma decisão muito positiva por parte dos trabalhadores de escrever esta carta porque destaca a importância da liberdade de expressão, mas também para salientar o desacordo deles com os comportamentos das grandes empresas. Isso mostra que as pessoas que trabalham no campo das tecnologias tem de ampliar a sua esfera de influência. Uma solução poderia ser de promover a criação de empresas mais respeitadoras das minorias e do direito fundamental da privacidade dos dados pessoais. Existe uma grande variedade de opções de trabalho no sector das tecnologias e temos de favorecer o desenvolvimento de programas que ajudam os estudantes a conhecer melhor as varias possibilidades de emprego.

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