Política I – Semana A: O assunto de autoridade na mídia

Minha primeira reação ao artigo do Brasil foi positiva. Eu concordo com a decisão do juiz que disse que “a liberdade de manifestação é um direito legal.” Também concordo com a ideia que a permissão do governo não deve ser necessária para fazer uma manifestação. Acho que a presença ou a permissão do governo num protesto pode derrotar o propósito do protesto especialmente quando é um protesto contra o governo, como os protestos no artigo contra Bolsonaro. Se o governo tem que aprovar cada manifestação que acontece, isso não é democrático porque as pessoas no poder podem silenciar qualquer voz com que não concordam. 

Fiquei triste lendo o artigo de Angola, semelhante à presença do governo nos protestos no Brasil, a presença da polícia impede não apenas a manifestação atual dos ativistas, mas também impede a democracia em geral. A maneira como um ativista, Joaquim Manuel, descreve a disposição da polícia como “petulante” me lembrou de como a polícia reagiu aos protestos de Black Lives Matter nos Estados Unidos. Nos dois casos, a polícia se comportou como se fosse seu direito de reagir com violência à qualquer crítica ou oposição. 

Uma coisa que eu percebi nestes artigos é a questão de autoridade. No artigo do Brasil, parece que a jornalista dá autoridade às pessoas com poder no sistema de justiça. As únicas citações no artigo são do juiz Rodolfo Ferraz de Campos. Por outro lado, o artigo de Angola só cita os ativistas na rua em vez de falar com os deputados que têm que votar. Isto mostra que os ativistas são vistos como uma autoridade em termos de informação sobre os protestos e política em geral. Acho que esta diferença entre o artigo do Brasil e de Angola nos indica que há jeitos diferentes de perceber autoridade na mídia. 

Minhas duas perguntas são:

  1. O que vocês acham da parte da decisão do Tribunal de Justiça que diz que os dois protestos (contra Bolsonaro e pró-governo) têm que acontecer em lugares diferentes? Não conheço bem os sítios mencionados no artigo (Avenida Paulista vs. Vale do Anhangabaú), estão longe ou perto um do outro? Um lugar parece ser mais importante ou notável que o outro? Se sim, o que isso diz sobre qual protesto é mais respeitado nos olhos do governo?
  2. O que vocês acham que os dois artigos apresentam sobre o conceito de autoridade?
This entry was posted in Política I - Semana A and tagged , , , , . Bookmark the permalink.

2 Responses to Política I – Semana A: O assunto de autoridade na mídia

  1. Elba Garcia says:

    Boa tarde Raquel! Eu concordo com você sobre o papel da polícia nas manifestações e como são uma força limitadora com o povo ao tentar defender seus direitos constitucionais. Num mundo ideal, a força polícial deveria sempre lutar ao lado do povo, mas nós sabemos que não tudo é branco e preto. Falando sobre a percepção de autoridade na mídia, eu acho que na maioria das vezes, a perspectiva dos políticos é priorizada em comparação a reação/perspectiva dos manifestantes. Ao dar poder/autoridade ao povo, o escrito ajuda à amplificar as vozes dos manifestantes numa forma que o governo não pode ignorar. Na verdade, eu não tenho mais contexto sobre o significado sobre os dois lugares (Avenida Paulista vs. Vale do Anhangabaú) no artigo do Brasil, mas acho que o mais importante é que a gente têm o coragem de lutar contra qualquer obstáculo.

  2. Bushra Rahman says:

    Olá Raquel!

    Gostei muito que você discutiu a autoridade dos dois artigos – no do Brasil as citações são do juiz Rodolfo Ferraz de Campos, enquanto o artigo de Angola traz citações de ativistas. Acho que isso se relaciona à nossa discussão de aula sobre a “correção” dos artigos de notícias. Acho que é difícil determinar se a descrição em um artigo de notícias é mais correta ou factual do que outra. Nestes dois artigos, por exemplo, é mais “correto” ter autoridade de um juiz ou dos ativistas? Acho que é importante ter em mente que o uso de diferentes vozes para autoridade é uma reflexão das nuances das questões em cada respectivo país. Acredito que, desde que um artigo apresente um retrato imparcial do evento, é um artigo de notícias factual. Para fazer isso, deve ter vozes diferentes apresentadas no artigo para dar uma descrição precisa deste evento. Então, talvez seria melhor se cada artigo incluísse citações de várias perspectivas diferentes: figuras políticas, policiais, ativistas, civis, etc.

Leave a Reply