No artigo Xuxa como apresentadora do “Drag Race Brasil” polariza o Twitter, há críticas óbvias em relação a essa decisão. A questão é que a Xuxa, uma celebridade brasileira, foi escolhida para apresentar um show de drag race, mas não é uma drag queen. Embora eu entenda por que eles gostariam de ter uma mega estrela apresentando o show, eu acho que é ineficaz realmente mostrar porque o show existe em primeiro lugar. Uma ideia melhor teria sido escolher uma verdadeira drag queen, como Pabllo Vittar, que tanto fez pela comunidade drag e LGBTQ (como fazer música e advogar pelos direitos humanos), para hospedar o show. Ao escolher uma drag queen de verdade, isso poderia dar uma publicidade efetiva para a TV brasileira e a sociedade em geral. Basicamente, os expõe mais para mostrar que as drag queens são pessoas valiosas e importantes no Brasil e no mundo inteiro.
De forma semelhante, o artigo “Usurpação cultural” da rainha Ginga divide opiniões em Angola, petição ultrapassa12.000 assinaturas” mostra como Netflix se aproveita da comunidade angolana já que existe uma serie da Rainha Ginga sendo produzido sem a inclusão de angolanos. Isso não beneficia um país porque não estão recebendo nenhum benefício da produção e nem está sendo escolhido como atores. Quando uma companhia de produção faz isso, faz a declaração de que uma determinada comunidade não importa. É muito semelhante à polêmica que aconteceu quando a Disney não deu crédito nem pagou à comunidade responsável pela ideia do filme temático mexicano-americano Coco.
A representação é importante porque permite que o mundo veja o impacto que certas comunidades têm causado. Não incluir pessoas de uma categoria específica (drag queens no Drag Race, angolanos em um show sobre Rainha Ginga, etc) é prejudicial ao propósito da própria produção. Se não há representação real dos indivíduos retratados, a produção não é precisa.
Algumas perguntas para a turma:
- Que mensagem você acha que essas companhias de produção expressam quando não escolhem drag queens de verdade ou angolanos em seus programas?
- Você acha que apenas ser escolhido para atuar no show é suficiente? O que mais estas empresas de produção deveriam fazer para mostrar o seu apreço pelas drag queens e pelos angolanos.
Acredito que quando as produtoras optam por não optar por atores ou atrizes que tenham a mesma cultura dos personagens que estão interpretando, estão basicamente dizendo que não respeitam a fundo cultural desses indivíduos. Também acredito que essas empresas não são a favor de apresentar e elevar diversos indivíduos ao centro das atenções. Não, não acredito que o simples fato de ser escolhido para atuar nessas funções seja suficiente para compensar a falta de diversidade que ocorre há décadas. Para que essas produtoras mostrem apreço por esses grupos marginalizados, elas deveriam permitir uma maior representação desses grupos como protagonistas das séries, bem como utilizar parte de seus ganhos com esses programas para doar a causas que visam a elevar esses grupos.
Para responder a sua primeira pergunta, eu acho que escolher Xuxa para presentar o programa em vez duma drag queen real expressa a opinião que este programa deve ser normalizado para ser aceita pelo público. Por sua fama, Xuxa obviamente pode trazer mais atenção ao programa e “normalizar” a cultura de drag queens. Mas, eu não acho que um grupo marginalizado deva ser normalizado para ser respeitado. Se uma comunidade precisa mudar ou ter a aprovação duma pessoa pública para ganhar respeito, isso não é respeito verdadeiro. Por isso, esta companhia de produção expressa que as drag queens só tem valor se podem ficar socialmente na sociedade.