As iniquidades do acesso à vacina na África

Um relatório recente pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças da União Africana (Africa CDC) revela que São Tomé e Príncipe está entre os cinco países com mais casos de Covid-19 por milhão de habitantes no continente. Os outros quatro países africanos incluem Seychelles, Lesoto, Botswana e Gabão. Os impactos devastadores da pandemia continuam a ser vistos em São Tomé e Príncipe, onde o acesso à vacina e os recursos de saúde necessários para o vírus são limitados. Na verdade, este é um problema observado em todo o continente. A taxa de vacinação da África é extremamente baixa, onde só 4,5% da população está vacinada. Para atingir a meta de 70% da população, ainda há um longo caminho. Foi anunciado que a África enviará delegação à Índia para acelerar o acesso às vacinas. Os delegados vão discutir com as autoridades indianas a necessidade de quantidades suficientes de vacinas, visto que o processo de vacinação está extremamente atrasado no continente.

Durante a terceira onda da pandemia, cerca de 80 mil pessoas morreram em dois meses e 40% das mortes aconteceram nos últimos meses. Isso se deve ao acesso limitado às vacinas no continente. Atendendo ao aumento de casos Covid-19 no país, o Governo de São Tomé e Príncipe impôs no dia 18 de setembro, um novo “Estado de Calamidade Pública” e suspendeu as aulas no ensino público e privado, para todos os níveis, com exceção dos infantários. 

Este artigo me fez parar e considerar a disparidade pronunciada entre os países para a distribuição de vacinas. Este estudo da Duke mostra que embora que existem doses de vacina suficientes para cobrir mais de 80% da população adulta no mundo, os países de alta renda possuem doses suficientes para vacinar mais do que o dobro de sua população, enquanto os países de baixa renda só podem cobrir 1/3 ou menos de sua população. Por causa dessas diferenças extremas, é estimado que não haverá doses de vacina suficientes para cobrir a população mundial até 2023. 

Isso lembro-me de problemas do desperdício de vacina nos EUA, onde as pessoas que se registraram para a vacina, mas não receberam sua dose, desperdiçou sua vacina. Se países como os Estados Unidos tivessem sido mais económicos em essas situações e mais proactivos na provisão de vacinas extras aos países que mais precisam, não haveria tal grande divisão com a distribuição global de vacinas. A vacina já foi lançada quase um ano, mas a África tem uma taxa de vacinação de só 4.5%. Então, é hora de traduzir os compromissos e as promessas em ações para salvar mais vidas nos países da África.

Perguntas de discussão:

  1. Como países como São Tomé e Príncipe devem advogar pelo seu direito ao acesso à vacina? O envio de delegações a outros países é suficiente?
  2. O que este artigo fez pensar em termos de privilégio dos países? Por exemplo, existe um movimento “anti-vacinação” nos EUA, mas tal protesto não é visto entre os países da África, já que têm acesso insuficiente à vacina.
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One Response to As iniquidades do acesso à vacina na África

  1. Savannah Miller says:

    Sua primeira pergunta é difícil. Acho que depende dos recursos de um país. Países como São Tomé e Príncipe devem advogar seu direito de acesso à vacina, mas atender delegações a outros países não será suficiente. Isso pode resultar em falsas promessas. Acho que outros países que têm vacinas mais do que suficientes têm a responsabilidade de advogar com países como São Tomé e Príncipe o seu acesso a vacinas. Além disso, essa deve ser uma questão com a qual as organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde, devem se envolver. A OMS pode usar sua influência e recursos para apoiar países como São Tomé e Príncipe. Este artigo me fez pensar muito sobre o privilégio do país. A questão do acesso global a vacinas tem sido uma questão constantemente falado sobre nas minhas aulas de saúde pública. Eu fiz uma entrevista com uma pessoa de uma organização de saúde em Moçambique, e ela me disse como é triste para ela ver seus amigos, família e colegas morrem de COVID quando há vacinas salva-vidas sendo desperdiçadas nos Estados Unidos. É espantoso que as pessoas nos Estados Unidos considerem o privilégio de vacinas que salvam vidas garantido.

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