A importância de definir sua própria identidade

Representação e a oportunidade de falar sobre sua identidade em seus próprios termos é muito importante na sociedade. Não é suficiente só reconhecer as diversas identidades e lutas que existem para diferentes pessoas, mas também eles devem ser encorajados a contar essa narrativa por eles mesmos. O artigo sobre “Drag Race Brasil” mostra como a representação e a defesa das drag queens estão comprometidas com o aumento de negócios e patrocínio que alguém como Xuxa Meneghel traria. Um dos comentários no artigo que que me chamou a atenção no artigo é “Deixou de ser um dos poucos lugares onde LGBTs tinha protagonismo para ser mais do mesmo, outro programa comandado por gente branca e hétero.” O fato de Xuxa Meneghel foi selecionada para o programa por causa de seu poder de patrocínio também revela os preconceitos dos patrocinadores da mídia popular no Brasil. Eu não ficaria surpresa se a maioria dos patrocinadores também são brancos e heterossexuais. Isso mostra como as pessoas que têm recursos financeiros têm muito poder de ditar quem pode ser representado. Embora seja visível na cultura popular e tem uma presença significativa no Brasil, a cultura das drag queens ainda é marginalizada.

O artigo sobre o documentário de Angola mostra também os efeitos problemáticos da falta de representação. O facto que o documentário sobre uma figura tão proeminente na história de Angola, sem qualquer consulta aos angolanos – não aos atores, diretores, historiadoras, editores, etc. – impede os angolanos de recontar a sua própria rica história. Este é um problema sério, porque tem o risco de que sua história seja mal interpretada ou apresentada de uma forma que não seja respeitosa ou precisa. Além disso, acho que a raiva deles é justificada porque a Netflix é um grande site de streaming, então muitas pessoas provavelmente assistirão ao documentário. Muitas pessoas serão influenciadas por esta representação de Rainha Ginga, mesmo que seja imprecisa. Como estudante da antropologia, este artigo também me lembra as preocupações éticas em muitos estudos etnográficos. Embora a ideia de relativismo cultural seja muito importante na antropologia, há muitos casos em que não é praticada. Muitas vezes, antropólogos que estão conduzindo pesquisas escreverão sobre o lugar e o povo com uma lente “exotisizada.” Isso enfatiza as diferenças das pessoas, em vez de ter uma visão precisa e imparcial. Isso tem repercussões negativas, pois perpetua o etnocentrismo e, em alguns casos, desumaniza os habitantes quem são os sujeitos do estudo.

Perguntas de discussão

1.) Encontrei este artigo que fala por que a representação é importante, especialmente para adolescentes. Por que a representação na mídia seria especialmente importante para crianças e adolescentes? Que efeitos veria alguém como você na tela têm?

2.) Quem deve ser responsável por garantir que haja representação adequada na mídia popular? A iniciativa deve partir de diretores, atores, patrocinadores, público, etc.? Quem acha que teria mais influência sobre esta questão e por quê?

This entry was posted in Cultura - Semana A and tagged , , , , , . Bookmark the permalink.

2 Responses to A importância de definir sua própria identidade

  1. Raquel Luna says:

    Oi Bushra!

    Gostei muito que você trouxe sua experiência como estudante de antropologia a este post. Acho que a abordagem etnográfica pode ajudar em formar uma resposta a sua segunda pergunta. Da mesma forma que os etnógrafos devem ser responsavéis por garantir que sua representação do grupo estudado é adequada, os diretores e os atores devem ser responsavéis também. Na minha opinião, os melhores estudos etnográficos são eles em que o investigador colabora com as pessoas da comunidade que é parte da pesquisa. Do mesmo jeito, uma colaboração deve acontecer entre os produtores e atores e o grupo representado na mídia. Isso poderia ajudar a melhorar a autenticidade das representações.

  2. Elise Quesnel says:

    Olá Bushra,

    Eu fui muito interessada com a tua segunda pergunta sobre a idea de “responsabilidade” na representação das pessoas/ dos grupos culturais na mídia popular. Acho que uma das funções do mundo espetáculo é de defender os interesses de todos os grupos identitários e culturais que tem; todavia, é quase impossível encontrar neste campo pessoas que vão ter a mesma opinião o atitude em relação ao modo de representar estes indivíduos. Há grupos sindicais que normalmente detêm uma esfera de influência ao nível artístico (e em muitos outros organismos da sociedade), por isso talvez eles possam trabalhar em conjunto com entidade nacional desenvolver projetos em quem uma justa proteção e defensa dos direitos de todos a ser representados.

Leave a Reply