As perspectivas coloniais persistem hoje

Os artigos desta semana ambos notaram as práticas na nossa sociedade que ainda tentam marginalizar a cultura das pessoas negras. Patrícia Silva notou uma necessidade na sua comunidade para um espaço para o teatro Cabo-verdiano, especialmente para comunidades negras, e fiz algo ao respeito ao criar “Xpressá”. Penso que é ótimo que ela fiz isso, mas o fato que uma cidadã tive que fazer isso pela falta de iniciativas nacionais mostra como ainda hoje há uma mentalidade que centra o colonizador e não os cidadãos. 

 

O segundo artigo também mostra essa mentalidade em Moçambique. A fotografia usada no artigo chamou a minha atenção porque 10 das 11 mulheres na imagem são mulheres negras, e todos os estilos demonstrados nessas imagens são usados primariamente por mulheres negras. Faz-me pensar, que estilos querem que usem as mulheres? Muitas das imagens dos estilos proibidos são do cabelo natural e crespo, de comprimentos diferentes. Se não podem usar qualquer estilo dessas imagens, parecem precisar do cabelo liso, embora a imagem nunca diz isso abertamente. 

 

Uma frase do artigo que também chamou a minha atenção foi “possivelmente com o objectivo de nos tornar em ilhas caribenhas ou América Latina, onde o negro é praticamente proibido.” Como Latina com família das ilhas caribenhas, senti que a frase concorda com a minha experiência nas discussões sobre carapinhas por pessoas que cresceram nas ilhas. Minha mãe, mulher branca com cabelo crespo, contou-me que quando ela era menina em Cuba, o seu cabelo era chamado belo, enquanto o cabelo crespo das suas amigas negras era considerado “pelo malo”. Esse termo ainda é usado por alguns para descrever carapinhas no Caribe. Que pensam vocês da conexão que fiz o artigo entre Moçambique e América Latina?

2 thoughts to “As perspectivas coloniais persistem hoje”

  1. Obrigada por compartilhar sua experiencia pessoal, Yanira. Acho que a discussão sobre as normas de beleza é importante porque podemos ver os preconceitos sociáveis. Não conheço muito do contexto América Latina num contexto da Caribe, mas não me surpresa muito que também existe numa hierarquia racial. Porque os dois lugares foram colonizados pelas pessoas brancas que implementavam um sistema racial baseada na cor de pele, é natural que ainda há preconceitos sobre as cores hoje em dia. Há uma internalização racista nessas sociedades e com a diversidade na cultura visível é possível de romper estas barreiras físicas e mentais.

  2. Oi Yanira, eu concordo que não deveria estar só nas mãos dos cidadãos fazer iniciativas que os ajudam. É a responsabilidade do governo avaliar as necessidades do povo e implementar diretivas que lhe vão beneficiar. Por isso, é verdadeiramente incrível o trabalho da Patrícia Silva que tenta tornar o teatro cabo-verdiano sob um governo que não aprecia os seus esforços.
    A conexão que o artigo fez entre Moçambique e América Latina é muito relevante. Acho que a sociedade não fala suficientemente sobre a discriminação incrível contra pessoas negras que persiste em toda a América Latina. Como você falo, a sociedade latino-americana tenta suprimir qualquer conexão a África. É interessante porque as nossas culturas latino-americanas tem muitas influências da África que pessoas escravizadas trouxeram com eles, mas não queremos nos associar com as características de uma pessoa negra.

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